Malditas palavras.
Tão traiçoeiras e singelas.
Às vezes se escondem de mim.
Às vezes me escondo atrás delas.
Se arrumam como querem só pra brincar com os sentidos.
Fala e audição sofrem mais.
Bullying verbal.
Sofro por não conhecê-las como gostaria.
Como deveria.
Dever, de quem, só de ver,
deveria divertir-se com essa dádiva da vida.
Ah, malditas palavras.
Segregadoras da sociedade.
Ai de quem não reverenciá-las.
Sentirão na pele por toda a eternidade.
Malditas palavras.
Tão lúdicas e traiçoeiras.
Embalando uma criança até adormecer.
Estremecendo a quem lhe bem entender.
E, como uma paixão não correspondida, elas te esnobam.
Não estão nem aí.
E porque estariam?
Sabem que as precisamos.
Tão importantes como o ar.
Ou como a comida que nos alimenta.
Sem ela o amor não se sustenta
Nem há com o que se comunicar.
Pois os gestos sem a fala
Alguma hora se entrava
E cabe a nós abrirmos alas
Para elas, as malditas palavras.